9 de dezembro de 2008

:: ENTREVISTA ::: RIVALDO MIRANDA :::


1 - Qual foi o seu primeiro contato com a propaganda? Onde ocorreu?

A lembrança mais remota que tenho de propaganda aconteceu quando ainda era criança. Lembro-me de um filme publicitário de um desodorante em spray que se não me engano era da marca Rastro. Neste filme aparecia uma embalagem animada que falava algo do tipo “aperte-me!” em seguida uma mão feminina apertava a tal embalagem e o produto saia. (minha mãe ainda hoje fala desse comercial).
Quando tinha uns 15 anos tive meu primeiro contato profissional com uma antiga agência daqui chamada ASPEM Publicidade, onde trabalhei como Office-Boy. Naquela época não existia os recursos que temos hoje e a agência era mais focada em rádio. O equipamento mais avançado que havia por lá era uma máquina de escrever. Mas esse contato foi fundamental para me despertar para a publicidade. Um dos diretores, O Sr. Severino Paiva, um amante e colecionador de arte, me apresentou a este universo e suas diversas formas de expressão: Música Clássica, Pintura, Fotografia etc. Acho que naquela época fiz um curso em história da arte e não sabia. Mas minha entrada no mundo da publicidade pra valer foi em 1998, na Gênesis Comunicação onde fiz meus primeiros anúncios.
2- Fala um pouco sobre o 1º lugar no prêmio Central do Outdoor?

Foi uma grande e agradável surpresa. Na realidade eu não acreditava muito que a agência pudesse conquistar um prêmio desses e acabei por decidir em não inscrever nada. Mas foi graças à insistência de um grande parceiro da empresa exibidora, que falou que a gente deveria participar e também ao meu sócio que foi quem cuidou de preencher as fichas de inscrições é que a gente conseguiu participar desse prêmio. Isso só reforça minha crença. Trabalho de agência tem que ser em equipe, todo mundo deve participar.
3 - Em que esse bom resultado melhora o mercado caruaruense?

Acredito que resultado dessa natureza só fortalece a imagem das agências locais diante de mercados maiores além de estimular os criativos e as agências a pensar em criatividade como elemento fundamental para a propaganda. Não me refiro a criatividade apenas na hora de desenvolver um anúncio, um filme ou uma peça gráfica, mas sim em tudo o que cerca uma campanha. Acredito que toda agência deva respirar criatividade o tempo todo, seja no atendimento, no departamento de mídia, no planejamento e até mesmo na hora de servir o cafezinho.
4 - Qual foi e como você se sentiu com seu primeiro trabalho?

Que eu tenho lembrança, meu primeiro trabalho em publicidade foi uma peça simples para sinalizar um espaço de serviços de um shopping daqui da minha cidade. Como sou da turma dos auto-didatas, já que na época não havia ainda faculdade de publicidade, a gente se virava com as poucas referências que tinha. Mas sempre tive a preocupação de que em todo trabalho tivesse o mínimo de conceito, simplicidade e acima de tudo fosse criativo
5- Qual foi a campanha mais difícil que você já criou?

Foi quando trabalhava na Intertotal. Na ocasião a gente atendia uma conta de um cemitério e o grande desafio era fazer publicidade criativa e não ser repetitivo. Era um trabalho muito difícil, mas ao mesmo tempo instigante. A cada nova reunião de criação a equipe não se segurava em propor idéias bizarras e engraçadas, mas como todo processo criativo a gente não pode censurar nada. Apenas filtrar o que realmente é bom e a partir daí desenvolver o trabalho.
6 - Hoje, a maioria dos estudantes de publicidade e propaganda quando ingressam na faculdade optam para a área de criação, como você vê isso? Como as agências estão se comportando com tanta procura de espaço pelos estudantes?

Há algum tempo atrás li em um livro que houve uma época em que o profissional de atendimento era quase que um Pop Star. Participava de grandes festas e era o centro das atenções do mundo publicitário. O tempo passou, essa realidade mudou e hoje o foco acabou virando para o departamento de criação. Os criativos viraram estrelas, mas esse tipo de idolatria também já está acabando. Criação não é mais o departamento festivo da agência onde um bando de malucos reúne-se para ter idéias. A realidade hoje é que um bom profissional de criação deve estudar muito sobre sua área, ler muito sobre os mais diversos assuntos e principalmente conhecer bem o público para qual ele esteja criando. Não acredito em profissionais de criação que sejam radicais, e que façam, escutem, leiam e assistam as mesmas coisas. A gente não precisa gostar, mas precisa conhecer. Talvez por existir toda essa relação da criação com o universo das artes é que o departamento tornou-se o mais desejado, mas também vejo muita gente que sai da faculdade passa pela criação e acaba indo para outro departamento.
Quanto ao posicionamento das agências em relação aos estudantes acho importantíssimo a presença de estagiários dentro das agências, mas isso deve ser feito de forma responsável. Assim como acontecem em outros cursos superiores os estagiários devem ser instruídos, acompanhados e avaliados e ao final do período de estágio receber toda documentação que tem direito com sua avaliação. Sou contra as agências que tem a prática de botar estagiários apenas para produzir a custo reduzido.

7 - O que você considera necessário, hoje, para um portfolio ideal?

Criatividade. Muita criatividade. Mas um pouco de organização também não faz mal a ninguém.

8 - Que palavra você deixaria para os futuros publicitários e até mesmo para os mais experientes?

Eu acredito muito no profissional que é apaixonado pelo que faz, seja em que área for. Acredito naquele sujeito que ao invés de criticar ele propõe, que ao invés de reclamar, ele negocia e que entende que é muito melhor trabalhar em grupo do que sozinho.

9 - Fale um pouco sobre o JOBSNANET?

Acho uma iniciativa muito importante. Ao mesmo tempo em que aproxima os profissionais locais também serve de vitrine para o mercado lá fora observar como anda o nível da nossa publicidade. Mas acho que o pessoal devia comentar mais. Elogiar quando tiver de elogiar e criticar quando achar que deve.